Como planificar um estilo na decoração
Na decoração de qualquer espaço, o primeiro passo é planificar o estilo e avaliar todos os pormenores relacionados com o gosto e o tipo de vida familiar.
Planificar o estilo de uma divisão, como todos os seus componentes (estilo, cor do conjunto, tecidos, pavimento, iluminação e complementos), é um exercício muito gratificante. Acertar no estilo é conseguir um conjunto personalizado que se adapte às diferentes atividades que se vão desenrolar naquele espaço, ao gosto pessoal e orçamento disponível. Ao mesmo tempo, aproveitando as caraterísticas do mesmo.
Um dos princípios mais importantes da decoração de interiores é a funcionalidade: o espaço tem de corresponder, de maneira adequada, ao que se espera dela e cumprir todos os requisitos fixados. Como fazem os decoradores profissionais quando pedem informações ao cliente, têm de pôr a cada um as questões básicas. Os aspetos puramente decorativos, tais como a cor e estilo, falam-se depois.
O segundo passo é utilizar esta informação para construir um arquivo do ambiente, que reúna as caraterísticas mais importantes do conjunto. Por fim, fala-se nos temas referentes à cor, aos tecidos e aos acessórios.
Para isso recolhem-se amostras de tecidos, de papéis de parede e de tintas, e esboça-se um plano do ambiente desejado para o espaço. Tudo isso se colocará numa maquete se amostras. Esta minuciosa preparação resultará na construção de um estilo adaptado às preferências pessoais.
O tempo que se investe numa fase inicial com a planificação do estilo de decoração é compensado com a execução de uma decoração prática, estética e adequada ao espaço.
Questionário pessoal
Antes de decidir tudo o que está relacionado com o estilo de um espaço, é preciso ter em conta vários elementos:
- A função que vai desempenhar.
- As caraterísticas das pessoas que o vão utilizar mais (gostos e traços pessoais).
- Se é um espaço muito ou pouco utilizado.
- A sua iluminação natural.
- O tamanho do espaço.
- Os elementos existentes e que podem ser o ponto de partida para decidir o resto do conjunto.
Depois de completar a lista e tudo analisado, podem-se conjugar as respostas.
É neste momento que se tem de tirar o maior partido do espaço disponível e prever possíveis mudanças ou necessidades futuras, para evitar erros que se traduziram em mais gastos. As conclusões obtidas poderão aplicar-se ao estilo, cor e motivos desejados, de tal modo que o espaço que se vai decorar se adapte, em vez de se impor, às necessidades.
Tendo em conta a função e a quem se destina
- Qual a função a que se vai destinar o espaço, quem vai utiliza-lo e em que momento do dia?
Saber qual a função, ou as várias funções, de cada espaço é essencial para chegar a soluções práticas relativas ao mobiliário e à decoração em geral.
Pode ser que um quarto, também tenha servido de quarto de brinquedos e transformar-se numa sala de estudo. O quarto de hóspedes pode utilizar-se também como salinha de estar, estúdio ou casa de passar a ferro. Como todos os compartimentos de uma casa, se sua função está decidida e se se planear com antecedência e imaginação, o resultado será prático cómodo e original. Cada espaço requer um enquadramento decorativo e um tratamento diferente.
Quando o espaço é muito limitado, vale a pena decidir-se por soluções multifuncionais. Aqui, as necessidades de arrumação num quarto podem ser resolvidas instalando armários e prateleiras servindo de secretária e toucador ao mesmo tempo.
Um fundo escuro cria um ambiente elegante e cheio de personalidade numa sala de jantar.
Tendo em conta a iluminação
- Qual a orientação do espaço? Está virado a Norte, a Sul, a poente ou a nascente?
O aspeto de um espaço está diretamente relacionado com a luz. Estando nós no hemisfério Norte, as divisões orientadas a Norte têm uma iluminação mais fria (no hemisfério Sul é ao contrario). As que estão orientadas para Sul têm luz solar durante quase todo o dia. As casas que dão para nascente só têm luz direta de manhã. Pode dar-se o caso do compartimento estar voltado para outro edifício que bloqueia grande parte da luz natural e limite a vista exterior; neste caso também pode minimizar-se o problema.
No que respeita à luz natural, existe uma dupla alternativa: potencia-la para conseguir um ambiente luminoso e arejado ou disfarça-la para criar um ambiente mais íntimo e com um brilho mais suave. Nos dois casos a solução consiste em utilizar adequadamente certos elementos, como a cor e as texturas, e servir-se delas para que reflitam ou absorvam a luz exterior.
- Todos os pontos do espaço têm iluminação adequada?
Existem muitos tipos de luz, e todos eles podem usar-se para criar um ambiente determinado e de acordo com as finalidades práticas. É conveniente experimentar o efeito que a luz natural e artificial dão sobre as combinações cromáticas do conjunto.
Luz exterior, se a casa de banho tem uma grande janela, não é preciso fecha-la para obter maior intimidade. Podem colocar-se umas cortinas que filtrem a intensidade do sol e sirvam de ecrã à janela. O isolamento pode ser completado com um estore por trás das cortinas.
Em plena luz do dia, para aqueles que gostam de dormir com as janelas abertas, o melhor é aproveitar a luz do sol e colocar a cama junto à janela.
Nos outros casos, as portadas interiores mantêm o quarto às escuras.
Tendo em conta o tamanho e a forma
- O espaço é grande ou pequeno, comprido ou quadrado? Tem o teto alto ou baixo?
As cores e os padrões alteram as caraterísticas arquitetónicas.
Se um espaço tem dimensões reduzidas não impede de utilizar cores intensas e motivos de grande tamanho, embora devam usar-se com cuidado.
Com um papel de riscas verticais, os tetos podem parecer mais altos. Se desejarmos dar a sensação de maior comprimento, as molduras são um bom recurso.
Um tom escuro no teto reduz a altura excessiva.
Se um espaço é muito pequeno e queremos dar a sensação de mais espaço pode cobrir-se uma parede com espelho e o espaço parece que tem o dobro do tamanho.
- Existem pormenores arquitetónicos de interesse?
Se a casa tem vigas de madeira ou janelas com pequenos caixilhos em vitral ou janelas chumbadas, estes elementos adaptam-se à presença de gravuras heráldicas e a utilização de cores brilhantes.
Por outro lado o que se pretende é dissimular estas caraterísticas, pode centrar-se a atenção noutros elementos utilizando um mobiliário atual e tecidos de padrão moderno. Se houver um vão na parede, este pode transformar-se numa zona de escritório.
As caraterísticas arquitetónicas pouco comuns e aparentemente, difíceis de resolver podem transformar-se no verdadeiro interesse do espaço.
Tendo em conta as peças fixas existentes
- Que elementos devem permanecer no espaço?
Ao reformar um espaço, quase nunca se parte do zero. O mais comum é contar com uma peça de mobiliário ou com objetos que não se podem, ou não convém, desfazer-se: um sofá novo, uma cabeceira de metal que se gosta muito, um tapete antigo que pertencia à avó, um quadro, etc.
Qualquer destes elementos serve de ponto de partida para decidir o estilo e a cor do conjunto. Mediante as tintas, o papel de parede, os tecidos para a decoração, pode ser feito todo o tipo de mudanças de imagem.
Revestir um sofá com uma cobertura, forrar a papel um armário encastrado, pintar um velho móvel de madeira ou usar tapetes são maneiras de integrar uma peça já existente num novo esquema decorativo.
À primeira vista um teto baixo e com vigas e janelas desiguais, são um problema para qualquer decorador.
Porem, as cores claras criam um ambiente natural. Truques subtis, como o varão dos cortinados e os cortinados ás riscas compensam o desequilíbrio entre as janelas e dão maior sensação de altura ao teto.
Análise do relatório
Uma vez respondida a todas as questões, é preciso desenhar um plano aproximado do compartimento. Ao tomar as diferentes decisões em relação ao estilo decorativo, é bom ter um plano à mão que recorde certos objetivos e necessidades que já se analisaram. Perante a reforma de uma sala de estar pode chegar-se a diversas conclusões:
- Tem de se poder comer, toda a família pode ver televisão e ser acolhedora para receber visitas.
- É preciso muito espaço para guardar coisas.
- Para satisfazer a dupla função de uma sala, a luz natural deve poder controlar-se com certa flexibilidade: muita luz para trabalhar e uma iluminação suave para ver televisão.
- À noite são também precisos pontos de luz artificial, prática e que, ao mesmo tempo, dê ambiente.
- A mesa na zona de jantar, com as cadeiras correspondentes, tem de ser adequada para comer, estudar, etc.
Interpretação dos resultados
Convém pensar demoradamente sobre estas observações e ver que relação têm entre si os diferentes pontos.
- Os primeiros sugerem que a família precisa de ter uma sala com zona de estar e zona de jantar. Ao mesmo tempo, precisa que possam ter tudo arrumado e agradável para poderem receber as visitas.
Uma combinação de estantes e armários baixos soluciona o problema da arrumação. Nas estantes coloca-se as peças mais decorativas e no tampo dos armários baixos podem pôr-se candeeiros.
Se forem suficientemente profundos, podem até usar-se para instalar a televisão e as aparelhagens, e ocultá-las com uma porta de correr.
- Para o caso de se ver televisão durante o dia, vale a pena instalar um estore enrolável ou uma veneziana para que o sol não encandeie. Podem também colocar-se umas cortinas finas ou colocar na zona mais escura da sala.
- Se a zona de jantar é de parqué e a mesa de madeira, esta deveria condizer com a do soalho. As cadeiras de verga são económicas, leves e versáteis. Um tapete pode estabelecer a separação entre a zona de jantar e ade estar.
- Um conjunto deste tipo permite brincar com cores e materiais naturais.
Nesta fase preliminar da decoração começam a esboçar-se as linhas gerais do que será o espaço geral da sala. O passo seguinte consiste em desenvolver as ideias na maquete de amostras, transferindo todos os pontos analisados para um conjunto decorativo personalizado.