As cores-terra na decoração
Com as cores dos minerais e da terra podem-se criar conjuntos harmoniosos. As chamadas “cores-terra” fazem parte do nosso ambiente natural e são um fundo magnifico no nosso quotidiano.
Os relaxantes tons terra extraem-se dos pigmentos naturais. As terras de diversas composições, argila, os minerais e as pedras fazem parte da crosta terrestre, e é possível encontrá-los em todo o mundo, embora em quantidades e intensidades variáveis.
Os castanhos, os cor-terracota e os amarelos-ocre pertencem ao mesmo espetro cromático, possuem uma harmonia real e conjugam-se entre si.
O castanho é o que está na parte central desta gama cromática, mas cria uma grande diversidade em tons subtis tingidos de sombras avermelhadas, amareladas ou esverdeadas (vermelho-tijolo, laranja-escuro, castanho-mostarda, caqui….) aos quais é preciso juntar os delicados tons bege e creme, que se conseguem misturando ao castanho; lima ou gesso, e os tons sombreados do carvão.
A força e unidade deste grupo cromático são incomparáveis.
Trata-se de tons que reúnem a paleta básica da vida de todas as culturas do mundo, e que foram utilizadas nos murais romanos com a técnica da têmpera,
nas pinturas de guerra dos índios americanos
e na olaria celta.
Os compartimentos decorados com tons terra têm um ar suave e acolhedor.
São cores familiares, mas difíceis de definir. Não se assemelham aos tons puros das cores primárias e as suas origens remontam muito antes da invenção do processo de tinturaria sintética.
A lembrança destas cores, podem ser encontradas nas mais variadas fontes; nos tapetes afegãos decorados com suaves ocres, vermelhos-ferrugem e beges rosados; os recipientes primitivos de terracota e os antigos vidrados; os desenhos tribais africanos ou as pinturas com que os aborígenes australianos adornavam as mãos, com riscos e contrastes em sombra torrado, rosa-terra e ardósia.
O brilho quente das tradicionais cores terra conjuga-se perfeitamente com as superfícies naturais e objetos rústicos.
Cores-terra frias
Esta gama cromática obtém-se misturando branco, ou pigmentos da gama fria do espetro (como o azul e o verde), com as cores terra básicas.
Para entender a natureza destas cores, basta pensar nos pavimentos em ardósia, ou em tons cremes, cinzento e areia-ocre de uma praia nas manhãs de inverno.
São tons muito atuais que criam um ambiente suave e elegante, cheio de beleza natural.
O bege, o castanho-escuro, o creme e o cor-de-pergaminho são bons fundos num conjunto decorativo, e a gama de tintas e papéis de parede existem nesta categoria interminavelmente.
Se prefere pintar as paredes, existem uma grande variedade de aguadas translucidas de diferentes cores desta gama, que podem dar um acabamento muito mais natural do que se utilizar uma emulsão lisa.
Se só se utilizar esta paleta cromática na decoração, devemos evitar as superfícies monótonas, sem pormenores.
A textura e os motivos decorativos são factores básicos e podem-se incluir de acordo com os acessórios.
Para conseguir texturas terrosas de estilo rústico pode empregar-se o junco natural (cor-de-ouro esverdeado) e tecidos de juta, linho e algodão de trama em relevo.
As caixas de pedra e os móveis de madeira de pinho branqueado dão personalidade ao conjunto.
Pode também acrescentar-se um toque de personalidade à sala com enérgicos motivos decorativos nestas cores, que não dominaram o ambiente já que se trata de cores bastante apagadas.
Pode-se optar por desenhos étnicos em tecidos e estofos, ou por papéis de parede com estampados florais em tons azeitona-claro, palha ou cogumelo.
Pormenores vistosos, como botões de osso, pregos metálicos, tapetes de ráfia, etc. aumentam a sensação global do conjunto e para quebrar os planos lisos de cor.
Num compartimento sofisticado podem utilizar-se assentos metálicos, com molduras douradas, de prata ou de aço escurecido.
Os tecidos brilhantes e texturados como o moiré, o tafetá e a seda, acrescentam um toque luxuoso.
Os móveis antigos ficam soberbos neste tipo de conjuntos decorativos.
O conforto do frio, nas cores terra da gama fria do espetro, proporciona um ambiente calmo e elegante.
Os tecidos de riscas verde-azeitona e bege podem ser utilizados nos estofos e nos cortinados ou estores. Para acentuar estas cores pode-se juntar umas almofadas verde-claras e ferrugem-suave.
Um papel de parede com motivos é um delicioso fundo quando as cores se limitam a um suave bege e creme. Pode combinar com um lambrim de madeira pintado de um tom creme quente, para ampliar o efeito de almofadas bordadas em cores ferrugem e anil, de estilo étnico.
As paredes pintadas de cor castanho, creme e terracota branqueada podem fazer ressaltar a personalidade de objectos rústicos com tons mais fortes; vasos e tijelas vidradas, pás antigas, cestas de verga, etc.
Há algum sítio mais indicado do que a cozinha para aplicar os tons terra?
Com paredes, bege e móveis de madeira criam um fundo ténue, podendo ser destacado por um lambrim esverdeado e por bancadas em granito.
Cores-terra quentes
São cores “picantes” que podem dar caráter, calor e profundidade vistos já nos murais etruscos e nas pinturas rupestres.
A denominação dos pigmentos dá uma entidade própria aos diferentes tons (siena-natural da Toscana, sombra torrada das férteis colinas da Úmbria, vermelho Nápoles, ocre de Oxford, etc.) que receberam o nome dos seus locais de origem.
O siena-natural é um castanho amarelado, semelhante ao tom canela, enquanto o tom siena torrado tem um tom mais alaranjado.
O sombra-torrado é um puro castanho-dourado, que se torna castanho quando se queima, e o ocre-amarelo é um mostarda-dourado.
A mistura destas cores na decoração cria um efeito vibrante e dinâmico, mas sem ser estridente.
Combinando um mobiliário de madeira escura com umas carpetes estampadas e vasos de terracota decorada à mão, consegue-se um estilo quente e acolhedor.
As paredes podem tratar-se com os mesmos tons terrosos.
Esta paleta também pode combinar-se com tons metálicos em objectos de bronze, cobre, latão e ouro-velho.
As cores terra costumam atenuar-se com o branco para conseguir suaves tons de fundo, como o do alperce e pêssego.
Estes tons discretos abrem caminho para introduzir texturas de contraste, como o já falado moiré, o latão e o pinho.
Os tons terra quentes são uma escolha acertada para uma casa de banho, que beneficia do seu brilho suave. As paredes num sombra-claro torrado combinam com móveis e acessórios em madeira.
O amarelo-ocre dá um toque muito acolhedor a um hall. Quente e fresco, ao mesmo tempo, fica muito bem com o frio pavimento de pedra, e combina-se perfeitamente com outros elementos naturais, como a madeira e o bambu.
Este tema pode prolongar-se com pinceladas de outros tons terra, como a ferrugem e o verde-azeitona num friso a stencil.
As salas nestes tons, podem utilizar-se desenhos fortes pois esta gama de cores também o é.
Com objetos e tecidos antigos (kilims e tapeçarias) costumam ostentar o calor natural das cores terra, porque os pigmentos são utilizados há século. Como complemento não há nada como tecidos com desenhos naturais e de folhas e flores.
Contrastes
Uns toques de contraste dinamizam sempre um conjunto decorativo.
Como os tons terra emanam um aroma natural, é óbvio que os seus companheiros devem também sair do ambiente natural; o verde de um cipreste e o azul-celeste são uma ótima moldura para o vermelho-bronze dos campos cultivados numa colina toscana.
Estes contrastes podem utilizar-se para conseguir efeitos maravilhosos numa decoração.
Uns azulejos verdes sobre paredes amarelo-ocre fazem um conjunto dinâmico para uma cozinha; mobiliário de pinho e objectos de vidro verde para completar o conjunto.
em não sair da própria gama cromática, a pátina clara do verdete sobre um tom cobre dará a base para outro conjunto cheio de suavidade; paredes podem pintar-se de azul-esverdeado-claro, e os estofos e cortinados podem ser de tons acobreados.
As cores podem usar-se para contrastarem entre si;um pavimento azul-ardósia com paredes ocre-escuro ficam muito bem num hall, enquanto um azul-claro cria um subtil contraste com os amarelos-mostarda e os tons terracotas num interior soalheiro.
O azul água-marinha e o anil são dois dos companheiros cromáticos mais antigos entre todos os pigmentos terrosos; remontam às artes decorativas de antigas civilizações.
Podendo combinar pavimentos de terracota, mobiliário pintado a azul e cortinados com as duas cores.
Os clássicos tons terra, a eterna elegância dos antigos pigmentos terrosos permite conseguir belos conjuntos para um compartimento de estilo neoclássico, em que o calor realça as linhas frias de esculturas e grinaldas.
As formas naturais, os tons apagados das sementes, vagens, bagas, folhas e frutos secos criam uma mistura vistosa de texturas e transformam estes objetos no verdadeiro centro de atenção do compartimento. A sua natureza despretensiosa pode ser realçada por uma mesa em madeira castanho dourado e por uma parede a stencil.