Quinta da Regaleira - Sintra - Portugal
Um dos locais mais mágicos de Portugal, em pleno centro histórico de Sintra, a Quinta e Palácio da Regaleira.
O Palácio da Regaleira é o edifício principal e o nome mais comum da Quinta da Regaleira. Também é designado Palácio do Monteiro dos Milhões, associada à alcunha do seu primeiro proprietário, António Augusto Carvalho Monteiro. O palácio está situado na encosta da serra e a escassa distância do Centro Histórico de Sintra estando classificado como Imóvel de Interesse Público desde 2002.
D. António Augusto Carvalho Monteiro e a sua mulher
Carvalho Monteiro, com o arquiteto italiano Luigi Manini, faz na quinta de 4 hectares, um palácio, rodeado de luxuriantes jardins, lagos, grutas e construções enigmáticas, lugares que ocultam significados alquímicos, como os evocados pela Maçonaria, os Templários e Rosa-cruz. Modela o espaço em traçados mistos, que evocam a arquitetura românica, gótica, renascentista e manuelina.
Localizada (Quinta da Regaleira, 2710-567 Sintra) em pleno Centro Histórico de Sintra e bem perto do Palácio de Seteais, a quinta beneficia do microclima da serra de Sintra, que muito contribui para os luxuriantes jardins e os nevoeiros constantes que adensam a sua aura de mistério.
A documentação histórica relativa à Quinta da Regaleira é escassa para os tempos anteriores à sua compra por Carvalho Monteiro.
Construída entre 1904 e 1910, no derradeiro período da monarquia, este maravilhoso lugar terá pertencido aos capuchinhos ou franciscanos nos séculos XV-XVI e talvez fosse dos trinitários desde os finais do século XIII.
Sabe-se que, em 1697, José Leite era o proprietário de uma vasta propriedade nos arredores da vila de Sintra, que hoje integra a Quinta.
Francisco Albertino Guimarães de Castro comprou a propriedade (conhecida como Quinta da Torre ou do Castro em 1715), em hasta pública, canalizou a água da serra a fim de alimentar uma fonte aí existente. Em 1800 são cedidas provisoriamente, sendo que por volta do ano 1830 na posse de Manuel Bernardo, já chamada Quinta da Torre é batizada de Regaleira pelos muitos benefícios que se deu ao espaço reconstruído.
D. Ermelinda Allen Monteiro de Almeida 1ª Baronesa da Quinta da Regaleira
Em 1840, a Quinta da Regaleira é adquirida por uma viúva, filha de uma negociante do Porto, de apelido Allen, que mais tarde foi agraciada com o título de Baronesa da Regaleira das mãos de D. Fernando II. Data deste período a construção de uma casa de campo que é visível em algumas representações iconográficas de finais do século XIX.
A história da Regaleira atual principia em 18932, ano em que os barões da Regaleira vendem a propriedade ao Dr. António Augusto Carvalho Monteiro que a comprou por 25 contos de réis para fundar o seu lugar de eleição a 11 de Dezembro de 1893, a propriedade entra na sua posse. Em 1896 ele anexa, à Quinta, parte do terreno do Campo dos Seteais, ficando aquele espaço com 5 hectares. Detentor de uma fortuna prodigiosa que lhe valeu a alcunha de "Monteiro dos Milhões", associou ao seu singular projeto de arquitetura e paisagem o génio criativo do arquiteto e cenógrafo italiano Luigi Manini (1846-1936) bem como a mestria dos escultores, canteiros e entalhadores que com ele haviam trabalhado no Palace Hotel do Buçaco. Homem de espirito científico, vastíssima cultura e rara sensibilidade, bibliófilo notável, colecionador criterioso e grande filantropo, deixou impresso neste "livro de pedra" (A Regaleira) a visão de uma cosmologia, síntese de memória espiritual da humanidade, cujas raízes mergulham na Tradição Mítica Lusa e Universal...
A maior parte da construção atual da quinta teve início em 1904 e estava terminada em 1910.
A quinta foi vendida a Waldemar d'Orey em 29 de Março de 1949 que realizou trabalhos profundos de restauro e recuperação da casa principal para poder acolher a sua numerosa família, assim como os jardins e o sistema de captação de água, tendo ficado na posse desta família durante quase 39 anos até que a 13 de Janeiro de 1988 foi vendida à firma Shundo Sanko do grupo Aoki Corporation. Em 1997, a Câmara Municipal de Sintra adquire este valioso património, iniciando pouco depois um exaustivo trabalho de recuperação do património edificado e dos jardins. Atualmente, a Quinta da Regaleira está aberta ao público e é anfitriã de diversas atividades culturais.
Carvalho Monteiro tinha o desejo de construir um espaço grandioso, em que vivesse rodeado de todos os símbolos que espelhassem os seus interesses e ideologias. Conservador, monárquico e cristão gnóstico, Carvalho Monteiro quis ressuscitar o passado mais glorioso de Portugal, daí a predominância do estilo neomanuelino com a sua ligação aos descobrimentos. Esta evocação do passado passa também pela arte gótica e alguns elementos clássicos. A diversidade da quinta da Regaleira é enriquecida com simbolismo de temas esotéricos relacionados com a alquimia, Maçonaria, Templários e Rosa-cruz.
Quinta composta por palacete, cavalariças, capela separada da casa, casa do porteiro, casa do Conrado, casa da Renascença, torre, poço subterrâneo, lagos, fontes, grutas, bancos e outros elementos, todos eles integrados numa vegetação luxuriante de jardim e mata.
Frequentemente diversos elementos arquitetónicos e decorativos existentes no palácio e na quinta são associados a símbolos maçónicos, tais como o poço iniciático, o terraço do mundo celeste, o Portal dos guardiões com a entrada para a gruta, o banco do "515", a gruta de Leda, a águia com seios, o athanor goliardo da capela, o ouroboro na entrada do palácio, a pintura das três Graças, do antigo escritório de Carvalho Monteiro, o Delta Luminoso existente na entrada da capela, etc.; parte do primitivo mobiliário do palácio foi construído com madeira de castanheiros da quinta e outra parte comprado no Antiquário Lisboeta, à exceção dos móveis da capela, da sala de jantar, sala de bilhar e o trono.
Carvalho Monteiro decidiu construir o palácio à beira da estrada, não só pela vista, mas porque pretendia adquirir a Quinta do Relógio, que fica em frente e ligá-la à Regaleira através de uma ponte. Grande parte dos artistas permaneceram em Coimbra, na oficina de João Machado, de onde se enviaram as obras, mas outros, como os irmãos Fonseca, fixaram-se em Sintra.
Toda a Quinta denota requinte e bom gosto, apresentando toda uma simbologia sagrada de pendor Judaico-Cristã e Gnóstica com iconologia aqui e ali inspirada na Tradição Hermética da Alquimia. Tudo está no lugar certo, tudo obedece aos cânones da Tradição e do Templo, cuja decifração obriga à iniciação na leitura superior ou francamente espiritual, onde a mensagem velada numa peça cola com a de outra e outra, cada qual um capítulo, todos juntos formando um extraordinário Liber Mutus que é toda a Regaleira.
Aqui se encontram referências à Mitologia, ao Olimpo, a Virgílio, a Dante, a Miltom, a Camões, a grandes místicos e taumaturgos, aos enigmas da Arte Real. Cada recanto do jardim é um local especial, romântico e que foi projetado com extrema minúcia.